quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Uma luz ao fundo do túnel

Uma Luz ao Fundo do Túnel


Voava. Era assim que sentia a minha solidão num voo de uma gaivota. Voava dias sem parar, momentos que a eternidade não há-de apagar… e que no meu silêncio, cúmplice, bem guardados, irão continuar. Diziam que estava triste mas a solidão também sorri e eu não sabia. Diziam que uma gaivota é solidão, e eu aceitava, mas afinal, descobri que também pode sorrir e ser feliz.
E de ave, vesti a pele de felino, e disfarcei-me de tigre siberiano, acutilante e dominador para passear pela selva de betão armado e por outras naturezas…
O meu novo tamanho, respeitável, induziu os audazes a sentirem a minha presença. Sentia-me um animal lindo, muito lindo, e, sem que fizesse mal, tinha que sobreviver, caçava, por isso, para comer e, se não fosse ameaçado, não atacava ninguém, mas também não era atacado. Senti-me mais respeitado. E na mesma solidão, urdia outros momentos de tristeza e de silêncio cúmplice…
Cresci. Em pouco tempo, ou em tempo nenhum, cresci. Percorri os caminhos das sensações e apaguei as mais belas ilusões. E na pele de guerreiro matei o meu querer. Esvaziei os sentidos do que nada me fazia sentido e comecei a nova mutação num novo corpo, agora de mulher. Quis sentir os prazeres de poder ser alguém. Nasci ou renasci num campo de rosas vermelhas, champanhe e outras cores alegres. Vi-me num sorriso aberto, sincero e promissor.
Corri e saltei, em pinchos de alegria, só porque imaginei uma luz ao fundo do túnel…
E, no meu mais recente corpo, acreditei que caçaria a liberdade em busca da minha felicidade. Confiei nas minhas capacidades de caçadora dos ápices anseios. Lutei!
E o tempo passou sem que sentisse necessidades de novas mutações, sem que quisesse voar novamente num céu azul imaginado ou sem que quisesse correr para mais um ataque veloz para devorar a minha mais recente presa. Deixei de sobreviver para começar a viver graças aquela luz, inusitada, ao fundo do túnel…
Agora aguardo serenamente para descodificar essa mesma luz, embala-la no meu colo e, num carinho saudoso, dizer-lhe bem baixinho… Obrigada…
Nem as lágrimas, de emoção, volátil, me farão mudar… Agora já não há nada para mudar e fico-me por aqui encostada na felicidade…
Percorri alguns caminhos, outros ficaram nesses mesmos caminhos, e na escolha do meu sentimento, na escolha do meu desejo, encontrei o meu presente. Guardo o meu passado, ciente, crente, que tinha que fazê-lo, passa-lo. Vivo este dia, cada dia, com uma intensidade insaciável em que me sobra o desejo de mais um dia, um dia de cada vez. Amanhã só quero acordar e sorrir. Que o amanhã seja o prolongamento do dia que hoje findou e que o meu rosto seja lucidez num corpo de flor, de mulher, que sempre sonhou até ao dia que a luz ao fundo do túnel lhe trouxe a realidade mais desejada.
Esse dia, afinal, aconteceu…

Deitei-me na felicidade e adormeci. A minha alma recolheu-se com a noção da missão cumprida e partiu sorridente…
Até sempre!

Poema de: Paulo Afonso Ramos

  http://poesiadepauloafonso.blogspot.com/

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Aboborinhas marinadas

Ingredientes:

3 Colheres de azeite
1 Pitada de Cominhos ou cominhos frescos.
1 Pitada de chili
100 gr de cogumelos
3 Aboborinhas italianas médias
2 Cebolas grandes em pétalas
1 Pimentão vermelho em tiras
6 Dentes de alho em lâminas
6 Folhas de hortelã
Orégãos
Sal

Cortar as aboborinhas em fatias grossas. Colocar as aboborinhas e as cebolas num recipiente para o forno, acrescentar o pimentão e as folhas de hortelã e cobrir com papel alumínio. Levar ao forno pré-aquecido (180 C ) aproximadamente, 20 minutos. Retirar do forno. Aquecer o azeite e refogar o alho, juntar os cogumelos, cominhos e o chili, temperar com os orégãos e o sal depois misturar ao recipiente por cima das aboborinhas.

Manuel Velez

domingo, 5 de dezembro de 2010

A Alma Do Amor

Quando um homem, quer tenda para os rapazes ou para as mulheres, encontra aquele mesmo que é a sua metade, é um prodígio como os transportes de ternura, confiança e amor os tomam. Eles não desejariam mais separar-se, nem por um só instante. E pensar que há pessoas que passam a vida toda juntas, sem poder dizer, diga-se de passagem, o que uma espera da outra; pois não parece que seja o prazer dos sentidos que lhes faça encontrar tanto encanto na companhia uma da outra. É evidente que a alma de ambas deseja outra coisa, que não pode dizer, mas que adivinha e deixa adivinhar.

Platão, in 'O Banquete'